quinta-feira, 10 de julho de 2014

Eu, os Outros e o Universo

Somos resíduos da mesma passagem, correntes da mesma maré, até a noite nos cair.
Somos isso: imperfeições no mar das ideologias cônicas; imagens que nos envolvem o ser; ligações com vida.
Creio em mim pois só de mim eu pertenço. Só de mim eu vivo. Só de mim eu sei o que é sentir.
As linhas de sol que me acompanham são-me verdade. A coragem camuflada que me percorre é-me verdade.
Somos a nossa verdade. A nossa, única, pura, intransmissível, verdade. ADN de crenças, de sentenças multiplicadas em desejos e ideais. Somos a compreensão da nossa pegada. Marcamos nossos ciclos, novos compassos pela vida fora. Nosso rasto, nosso caminho.
Somos os braços dos outros. Expansão que nos agarra e nos guia em apêndice. Árvore de mãos, de sorrisos, de olhares que nos pertencem. Só eles nos dão sentido como se um outro corpo nos invadisse a realidade. Uma inversão da sombra. Um corredor de palavras e de afetos. Uma porta que se abre para a imensidão dos sentidos. Um acrescento que nos amplifica a alma.
Somos amostras completas de Universo. Dele somos tudo: a luz que invade a sombra; o movimento que gera o ciclo; o ciclo que se faz e desfaz na matemática do dia-a-dia.
Contemos em nós as regras e a metodologia do Universo. A Geometria, a Mecânica dos gestos na dança das nossas vontades. Somos o espelho da paisagem, do luar, do nascer do dia e não nos pertencemos,
pertencemos ao mundo.
Somos do mar,
a ele devemos nosso céu.
Somos da madrugada,
com ela nasce a mecânica de mais um dia.
Somos da noite,
a ela devemos nossa compreensão.
Somos das estrelas,
dos astros que nos dão o norte e nos dão o luar. (Dão-nos a noite brilhante para enlaçarmos nossos olhares no germinar do nosso amor.)
Somos das árvores,
delas colhemos nosso fruto.
Somos da terra e do céu.
Somos do mundo,
somos universo.
Olha mais um dia ido,
contempla teus passos.
Aprecia o privilegio que és
e vive plenamente até que a noite chegue.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Espero

espero por mim
até me encontrar
nos poemas cantados
e nas horas de sol.