segunda-feira, 29 de junho de 2015

Nossa Sorte

numa só vida mora um espectro de embaraço,
um ar de louco, encoberto nos passos de saltatriz.
o frágil e delicado poeta com olhos de viagem
e uns quantos pesadelos dormentes em sua jornada.

nesse lugar onde a fatídica bruma se apronta,
reina a serenidade ao entardecer.
batalha alenta pelo impulso
de querer um afago indefeso.

são braços que se misturam na erguida contenda da vida
e que se preiam ao silêncio de um olhar,
sentido mais apto que a palavra,
onde o afeto nos cala e o bem-querer é nossa sorte.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Delir

o silencio não me fará delir
quando a hora mais negra cruzar,
quando a sombra reclamar seu prémio
e a passagem cair na parada.

cantem minhas palavras,
delas sou génese e espírito,
vontade eterna de viver,
a espera de transcender o hábito mortal que nos habita.

dou luzo ao tempo para me deixar
entoar um novo verso a cada dia,
querendo colher, em absoluto,
toda a essência.

este celebre fenómeno que é ser
na imensidão de luzes que nos abraçam.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Aqui

é neste lugar discreto que moram teus olhos,
o terno refúgio das palavras que prenunciam tua fuga,
o desejo regente que capta tua atenção
e abranda de ímpeto o anseio que há em teus vendavais.

aqui és catalisador de sonhos!

neste refúgio onde despes tua sorte
entoas o receio num fado que te assiste,
declarando o medo na alvura da realidade.

entregas teus versos à música da noite,

perdida na rua deserta que atentas,
guiada pelas paredes de teu quarto.

quadro traçado pela palavra,

abstracto momento que idealizas,
onde a melodia se enlaça sem repreensão.