terça-feira, 5 de março de 2019

Universo


Universo,
Não te prendas em mim porque hoje não me deves nada.
Os dias serão iguais porque as marés dançaram contentes. 
Os rios formaram fila entre as florestas de alegre canto. 

Não me deixes partir neste terno inconsciente ser. 
Sou minúsculo nesta escala em que me habito.
Encontra-me e significa-me na minha total razão.
Clarifica-me e preserva esta brisa que me embala. 

Deixa-me correr em todas as direções. 
Deixa-me seguir com todos os sentidos que a função, em forma, me deu. 
Permite-me voar e ser visto. 
Permite-me abraçar.
Permite-te chegar e ficar. 
Fica e repousa em meu lugar.

Universo, 
Deixa-me ficar mais um pouco. 
Aproveitar este sol que nos atinge o hábito.
Quero ver a planície, ser a montanha íngreme mais uma vez. 
Pó, deixa-me que eu quero viver só. 
Não me quero deitar no fraquejo do não viver. 

Universo,
Permite-me ver.
Quero ter-te e ser-te em essência. 
Quero julgar-te e habitar-te para além da esfera.
Frio, deixa-me ser!
Maldito tom que nos deixa partir. 
A morte. 
O que morre. 

Universo. 
Fica para sempre
Assim como a luz nos fica.
A alma termina
Se até a corrente se desliga. 
Ela recomeça?
Eternos seres
E o mundo.
Toca-me no infinito
E esquece tudo o resto.

Universo,
Dedico-te esta luz de que sou feito.