Andamos de pernas presas
E enquanto nos esbatem a cor
Mais descartáveis são os nossos dias.
Hoje carimbaram a face a um mendigo
E embrulharam-no com os restos inúteis
De quem em sobras não se repousa.
O frio reclama presença
E já se paga caro o presépio desacreditado
Num natal que se derrete em fachada.
Vivemos a simulação do amor
Que vive e é perfeito enquanto a distância
Nos permite construir a sua ideia.
Hoje sinto a descrença:
Descrença nos impulsos de quem não se acredita;
Descrença nos simulacros ilusórios de quem se conforma.