sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Descrença


Andamos de pernas presas 
E enquanto nos esbatem a cor
Mais descartáveis são os nossos dias.

Hoje carimbaram a face a um mendigo
E embrulharam-no com os restos inúteis
De quem em sobras não se repousa. 

O frio reclama presença 
E já se paga caro o presépio desacreditado 
Num natal que se derrete em fachada.

Vivemos a simulação do amor 
Que vive e é perfeito enquanto a distância
Nos permite construir a sua ideia. 

Hoje sinto a descrença:
Descrença nos impulsos de quem não se acredita;
Descrença nos simulacros ilusórios de quem se conforma.