sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Catarse

carente falha do homem que se germina
no contestado descontrole de alma desordenada.
tuas horas ressoam no silêncio da rua,
onde te encontras imundo,
coberto de ti, sujo de receios,
enojado de tanta insatisfação.

nada demove a tua melancolia,
só o frenesim do piano balanceia tua caneta.
parado na fila que recende a repisada tragédia humana,
contemplas a cidade e os abraços que não te tocam
e entregas-te ao movimento que te enfarda
na vida que por esta terra se cultiva.

és um amontoado de fantasmas,
colecionador assíduo de incertezas,
caminhante firme na defesa,
remetente da questão do ser.
aonde vais com tais fantasias?
aonde se sonha para além de ti?

a realidade pesa mas endurece
os que se nutrem de fantasia.
mas que realidade se conclui sem um
som imaginário em seu amparo?

és o homem que se regra pela catarse do querer,
pela simples mística que há em acrescentar uma incerteza 
a um ponto final.