barulho é o que nos sobra,
é o que nos resta nesta rua de consumo leve.
barulho é intenção sem prazo
de um tempo que se desliga e transforma em vício.
barulho é desprovido de sensatez,
nasce sem reflexões adicionais.
mais um copo, mais um cigarro
nesta corrida animal que dança entre os olhares desconhecidos.
barulho é ser-se em sociedade,
o não barulho é parecer-se, costume de anormalidade.
o barulho abraça, encobre
e enaltece a descrença em que o silêncio acredita.
fugindo da calma e tremelejada paz
que não é aspirante do desejo, surge o barulho
de irrequieto e polifónico tom,
acordando a folia de quem o ouve.
haja barulho pois a lucidez cansa e desacredita o hábito.