sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Contaminação

Um bem haja ao homem contaminação que leva tudo para o lado da desgraça.
Nasceste ignorante e cresceste a pensar que a lucidez te daria razão.
Pois bem, creio-te enganado.
Qual é a razão de tudo aquilo que fazes? 

Gostava de entender essa consciência fanática de te dizeres inteligente. 
Inteligente em quê? Na ganância? Inteligente em quer chegar primeiro? 
De viver com sucesso? Inteligente por querer reconhecimento a todo o custo? 
Já sei! Inteligente por seguir o carreiro! Inteligente por querer ser o melhor!

Sei a vossa regra: “Eu sou inteligente porque quero ser o melhor!”
E deram-vos a razão para pensarem isso… Desgraçados! Mas lúcidos.

Lúcidos? Certamente. 
Porque é preciso ganhar dinheiro. 
Porque é preciso ter mais coisas. 
Porque é preciso subir a fasquia. 
Porque é preciso esconder a fraqueza. 
Porque é preciso ignorar a miséria. 
Porque é preciso ter fama. 
Porque é preciso ter sucesso!
Porque?
Porque segundo a vossa regra “Eu sou inteligente e quero ter sucesso!”
Que valores incríveis. 
Tanta sabedoria esgota o cérebro de um pobre ignorante como eu. 
Creio que sou ignorante, com razão. Qual razão? A vossa razão, pois então!

“Que bem que se vive (mediaticamente) com tanto sol. 
Ja nem há crise, pois tenho internet.”

O Homem assim caminha… caminha não. Corre. E rápido!
Corre para o trabalho. 
Corre para o almoço. 
Corre para o fim do dia.
Corre para as férias.
Corre para o preço
Corre para a família… e da família. 
Corre da auto-consciencia. 
Corre do ser singular.
Corre de tudo!
De tudo o que é muito lento ele corre.
De tudo o que é mau ele corre.
De tudo o que é triste ele corre. (Corre à procura da felicidade)
De tudo o que é para pensar muito ele corre… Que razão tão sem razão. 
“Não tenho paciência para pensar muito. Gosto de ser espontâneo”
Não é com tais premissas que se atinge a verdadeira razão.

Mas eu não sei muito. Não sei nada da vida… 
Não sei muito do que os outros adultos falam. Não sei nada de economia nem de política. 
Mas quando me perguntam a minha cor, eu respondo: “Negro.”
Nunca falha. É a cor que melhor acerta neste luto humano despercebido. 
Mas tudo isto sem certezas, claro. A certeza é cara e eu sou muito pobre.

E Mentira que não se diz é verdade não reclamada.