sexta-feira, 11 de setembro de 2015

II

duas sombras,
dois lugares perdidos,
um passado vedado pelo terror e
um futuro de medo carimbando a
face negra impressa dos jornais.

dois gritos de penitência,
dois espelhos de comoção,
onde o metal ressoou a miséria humana,
arma de pânico,
arremesso de poder vaiado pela rua.

dois tiros,
duas vontades,
uma guerra,
duas guerras...
mais outras tantas guerras que se alimentam de poltronaria.

esta sede maltrata a nossa paz,
esta raiva corrói a nossa vida
e essa fome...
essa fome desencaminha,
mata!
fome do ser,
eu,
mais que os outros.
essa fome de espírito
é uma venda nos olhos dos frustrados.

não sejam os homens tristes que se entregam à estupidez 
entre as balas do sádico contentamento.







terça-feira, 1 de setembro de 2015

Miragem

destreza,
a que te fez dançar pela calada da noite.
enlaço constante que nos consumia,
trejeito com ar acanhado,
toque que se fez
e desfez na precisão inegável do contestável caos.
amanhã serás certeza.
na volta roubarão outro beijo puro que talhe tua dúvida
e te libere na verdade que nunca se cala
e que não se desmente.

na falta de toque canta-se o passado,
uma miragem,
um quadro de sala ao fundo iluminado
pela luz da rua que te fez entardecer.
tento cantar as cálidas planícies de verão,
o vento que nos eleva em alvorada gélida,
as árvores que nascem no alcance da luz
mas cantar sem querença é deambular
entre as sombras que nos atiçam
para a severa e rotineira existência.

vêm-se mais cores quando teus olhos acompanham os meus,
ouve-se mais, canta-se mais,
somos sempre mais.
é uma compreensão mútua e sincera,
vontade mais intensa de ver com teus olhos,
de cantar com teus poemas,
de ser o lugar que és.
enquanto não vens medram-se os poemas
e regam-se as palavras de bem-querer.
abertas as janelas para a primavera que se apronta.