sábado, 30 de outubro de 2021

Máquina

Serei a tua máquina. 

Ritual de consagração na obra dos imperfeitos. 

Responderei a todos os teus quereres num ritmo delator de ignorância. 

Que corpo este que se repete na roda do sol?


Já não me querem humano. 

Suspeitam da minha falha de travo medieval. 

Vivo nesta saborosa ocultação: 

a conquista do amargo tecnológico. 


Ficarei para sempre preso a este movimento.

Um levanta e senta, 

Mais um clique e mais um dia ido

Nesta condição que já ressoa a metal.


Questionar é para os tolos, 

Os inquietos que não seguem o rebanho,

Que não compram a ideia de Deus, nem as suas doutrinas.  

Desejo ser:


Fugir de ti a cada dia

Para que viva na inquietação.

Sentir, ansiar, duvidar até do medo. 

Imperfeita condição.