domingo, 31 de maio de 2015

Consome

teu corpo chama,
entrega-se ao vício
no consumo imediato do desejo.
por onde andarão as palavras quanto só o corpo te sobra?
que é feito dos poemas,
das emoções conjugadas quando a vida é só troca de fluídos?
afetos automatizados nos braços de quem já perdeu a esperança.
consome-se mais,
vive-se menos.
repetes o desejo pela noite enquanto choras na manhã seguinte a penúria em que a tua verdade se perdeu.
ontem soube de ti num olhar cativo,
hoje encontro-te vulgar,
mais nada te cobre a não ser o defeito.
sádica verdade que ignoras,
sentes o vicio a carimbar a melancolia dos teus dias
quando nada mais te eleva se não o movimento de prazer que repetes,
o orgasmo que te sabe a pouco.
consome,
nada mais te encontra a não ser o vício.