no caminho mais fraco da nossa vida,
disparam-se palavras rumo ao infindo desejo
de condição perversa:
ser mais do que hoje.
quem sou eu querendo ser mais?
sou uma transição inacabada,
uma parábola íngreme rastejando
para o infinito... sem o tocar.
o ser de hoje quer ser amanhã
pois o hoje é incerto para os que desejam.
os inquietos não contemplam nos olhos do agora,
têm visão condicionada de árdua compreensão.
o presente para nós é um excerto
que ainda não foi escrito.
a ideia de inteiro não nos toca,
porque inteiro significa acabado.
(acabado é morto)
anseio,
não sou do presente como devia.
Salvador Dali - Araña de noche... Esperanza (1940)