terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Quebra


O que te falta em abraços te sobra em silêncio
No tempo que te reclama, noite após noite,
Na cama fria de lençóis lavados, na mudança da hora, no luar que te intriga.

O que te falta afinal são promessas, ilusões quotidianas.
Quebra! Pedra de dúvida junto do que te resta,
Junto do que és, tão feliz e de leve perdido.

Obrigações, contradições… o mundo é correto deste modo?
Saudações que cheiram a fossa, risos que não sabem a verdade.
Calamidade. 

Rasga-me o peito com as tuas palavras e conhecerás a falta sem o lamento, 
Permite-te, conhece o teu ser no todo e no limite
E verás: 

O que te faltará em silêncio te sobrará em abraços.




domingo, 9 de dezembro de 2018

Rebeldia

Num gélido inverno te encontravas
De feição imperfeita, com gesto peculiar.
Aonde o vento te encobria tu fitavas
Com a sabedoria de quem o sabia escutar.

Num riso doce tu desejavas, 
A tarde quente em que a cor aquecia.
Desenho de lírio que admiravas,
Azul na sorte que te pertencia. 

Num beijo toda a vida se resumia
E o belo dia te acompanhava o serão
Na frágil e tão sóbria rebeldia
De amar a solidão. 



domingo, 2 de dezembro de 2018

Espectro


As promessas, entre linhas escritas, estão à quem do que ontem nos fora dito. O mal da vida vive no seu ínfimo desejo de a provar e de a comprovar. Belo fruto que não desculpa, eterno pensamento que já não presta!
Sabe a amargo de ser esta tarde, com cheiro de prosa mal lida, cheiro de canção inacabada, sem verso de remate. Este incompleto pensamento que, armadilhado pela fraqueza, se refaz e cai novamente em mim, constantemente. Refaz-se incerto, refaz-se dúbio em minha tão arrogante certeza. Queimo os todos os finais perfeitos, todos os desejos que não foram corrompidos e deixo que a minha miséria os enalteça através do pensamento. 
Tento em acreditar num ideal quântico, uma matéria sem razão, um corpúsculo perdido no espaço aonde se germina a luz sem tempo. Um dia esse pensamento será minha cidade no nosso lugar ilusão, e a matéria terá novas sombras sem as fronteiras do ser. Nesse lugar seremos a perfeita aclamação de um feito transcendente sem concreto que nos limite, sem teor que nos componha. 
No entretanto resta-nos a física e a sua causalidade nesta tão aparente realidade.

Viagem deslumbrante,
Um espectro, 
Luz.