Faltam os poetas
Nesta ode crente no desalento.
Caíram as palavras de doce intento,
As rimas que se enamoravam
E ficou o vazio em branco tecido,
Uma especie de grito perdido.
Dizem-se os versos num tom passado,
Quase pesado, abraçado à lembrança.
Lê-se o que restou num amargo de esperança.
Não se cria a escrita dos sentidos,
A que persiste é obra embargada,
Asfixiada pelo tanto que se diz sem dizer nada.
Forbidden (1937), René Magritte