sexta-feira, 24 de maio de 2024

Ruído

Ruído,
Do ruído eu faço um silêncio.
Um jeito a que eu pertenço
E em que não me descaio. 
 
É tão certo.
É um destino atado ao vazio.
Uma lembrança encontra desvio
E a lucidez perde coragem.
 
É sombra,
Longe de qualquer intenção. 
Num mundo cheio de celebração
Faz da falta a sua casa. 
 
Aí, ilusão.
Deixaste-me viciado por tão pouco.
Aí, ilusão.
Pensava eu que era o louco. 

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Fruta Estranha

Acho que perdi a noção do que sou,
Mas em medo me caracterizo
Num prefácio sem fim. 

Prolongada introdução sem juízo. 


Formatei-me numa só vontade:

Amontoar o mundo num dilema

Ao colorir o meu orgulho ferido

Numa palavra órfã de poema.


Sou uma repetição entristecida.

Uma espera de corrida desvairada

Sem ter destino e hora de retorno. 

Uma passagem gasta e consumada. 


Sou o inútil que perdeu a temperança.

Fiquei apenas com o corpo que envelhece 

E com o espírito do criador enraivecido. 

Sou fruta estranha que apodrece.