sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Condenação

Quanto vale a consciência num plano imediato,
Se só nos calha respirar o passado na obra do destino?
Para que serve o extrato da dor na renovação de cada ato,
Se o desenlace da forma é justificado pelo divino?
 
Neste cúmulo rochoso recebo a condenação:
A perceção rasga apenas uma linha de sombra transitória
E um apêndice de sentidos que me consagra esta agitação.
Sou, tal como estas pedras, um amontoado de memória.
 
Formo, no meu todo, menos valor do que esta paisagem 
Porque a sua configuração não se ilude no conhecimento.
Era feliz em pedra, uma bruta coisa sem linguagem
E o meu fim não se cruzaria com o pensamento. 

Sem comentários:

Enviar um comentário