sábado, 28 de fevereiro de 2015

Aqui se Constrói

do vazio replicado e retalhado da sombra ergue-se a matéria, uma sinfonia de formas que compõe o mundo, dando ao nada sua dimensão.
há uma luz, um lugar que nos acolhe, uma saudade que nos entristece e um desejo que nos dá vida. uma esperança que nos enquadra na engrenagem do mundo, construindo-o através do tamanho da nossa vontade.
nosso espaço, abrigo que nos protege, lugar interior que nos resguarda criando uma barreira para o medo, um filtro para o desconhecido, uma escala de controlo aparente que nos tranquiliza e nos enquadra com o resto do mundo.
vivemos o espaço, damos-lhes memórias, damos um cenário às sensações, uma certa coesão pessoal, uma extensão que nos suporta.
ocultamos a vida entre paredes, paramos e repousamos num abrigo que nos apela à autenticidade, onde a vida ganha conteúdo, livro escrito a cada dia.
o eu que se preserva do ruído cacofónico da rua ganha distância com o resto do mundo. da janela há uma diferente perceptiva, uma admiração, um quadro vivo que nos tranquiliza e nos espelha a multidão.
nosso mundo ganha nossas cores,
nosso universo material construído num empilhar de intenções. cadeiras empilhadas do nosso dia.


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