por detrás do vidro gélido,
por detrás da ferrugem que recita o movimento,
eu sigo.
oculto num vagão de Comboio,
perdido entre as montanhas do norte,
eu sigo…
por detrás da ferrugem que recita o movimento,
eu sigo.
oculto num vagão de Comboio,
perdido entre as montanhas do norte,
eu sigo…
…sigo para não voltar.
viagem matriz a ser feita
quando só ruinas se defrontam na terra prometida.
viagem matriz a ser feita
quando só ruinas se defrontam na terra prometida.
deixei a minha parte:
olhei, sorri, amei, chorei e sofri.
a primeira vez.
ecoam as palavras quentes
no frio do costume, preso nas mil e uma razões.
olhei, sorri, amei, chorei e sofri.
a primeira vez.
ecoam as palavras quentes
no frio do costume, preso nas mil e uma razões.
sigo sozinho no vagão,
acompanhado somente pela alvorada fria,
pelo mesmo ruído constante que me relembra
a monotonia.
acompanhado somente pela alvorada fria,
pelo mesmo ruído constante que me relembra
a monotonia.
viagem da alma feita de passageiros, de passagens,
de vidas que me alentam num entra e sai persistente.
e eu permaneço sentado, entregue ao meu fado.
de vidas que me alentam num entra e sai persistente.
e eu permaneço sentado, entregue ao meu fado.
pensava que um dia te sentarias a meu lado.
seria bom mirar a paisagem da nossa viagem.
meus olhos, os teus… que viagem intensa e bela.
seriamos peados pelas linhas férreas do destino.
seria bom mirar a paisagem da nossa viagem.
meus olhos, os teus… que viagem intensa e bela.
seriamos peados pelas linhas férreas do destino.
agora volto à viagem do silêncio.
o motor a carvão empurra-me para o incerto.
e tu saíste! saíste antes de atravessarmos
a ponte do fim.
o motor a carvão empurra-me para o incerto.
e tu saíste! saíste antes de atravessarmos
a ponte do fim.
voltarei,
voltarei à mesma casa de sempre.
aquela de onde partiram teus olhos,
de onde se cortaram as palavras mal ditas
com a fervura da mágoa.
guardemos essas palavras no infinito.
voltarei à mesma casa de sempre.
aquela de onde partiram teus olhos,
de onde se cortaram as palavras mal ditas
com a fervura da mágoa.
guardemos essas palavras no infinito.
deixemos de parte as mil canções que falavam do pôr-do-sol.
atiremos pela janela as dezenas de fotos que não tiramos,
as noites de verão que não passamos juntos,
as fugas, as discussões e as horas de reconforto que genuinamente nos prendiam.
para seguirmos unidos, quem sabe… de uma outra forma.
atiremos pela janela as dezenas de fotos que não tiramos,
as noites de verão que não passamos juntos,
as fugas, as discussões e as horas de reconforto que genuinamente nos prendiam.
para seguirmos unidos, quem sabe… de uma outra forma.
a viagem segue a todo o vapor.
não sei quantas paragens me reservam,
quantos sorrisos ou solavancos me estão destinados.
e eu sigo.
não sei quantas paragens me reservam,
quantos sorrisos ou solavancos me estão destinados.
e eu sigo.
eu sigo,
eu sigo como sempre.
presenciando o monótono embalo universal.
eu sigo como sempre.
presenciando o monótono embalo universal.
“Cada um viveu tanto quanto amou.”
Lev Tolstoi
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