sábado, 20 de setembro de 2014

Ode

Debilitado,
entre as janelas que se encerram no meu julgamento,
eu me movimento num dançar lento,
à espera da reconstrução da minha jangada de alento.
Na safra da procura de sentido me semeio.
No tempo que se desenquadra da estação me anseio,
frágil, impotente, impaciente.
Corre-me nas veias a perene busca de contentamento.
Quando houver silêncio lançarei minha bandeira branca sobre o vento
para me render ao juízo que se reinventa pelo tempo,
rebaixando-me uma vez mais à palavra semeada.
Sou aquela flor perdida num prado verde.
De luz me faço, ainda assim frágil,
com receio que o impulso me desfaça a ágil
folhagem com que o medo e a passagem
me ocultam do sol.
Prendi minha cedência no cais da incerteza,
Eis minha força perante tal tristeza,
ode incompleta que dá um novo rastilho à vontade de futuro,
aquela que se estende na viagem a que eu me aventuro,
que se prende na passagem entre os corações que se rematam à coragem.
Ode deserta, sem temperamento.
Que fugaz juiz me julga perante tal pensamento?
Que será feito da emoção se minh’ode recita o conhecimento?
Cuidado,
recita, sedente de futuro
a ode carente de presente,
avançando na contente
corrente de reconstrução.

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