sábado, 27 de outubro de 2018

Círculo

Vazio de gestos no plano do desejar,
Me estendo assim à quem desta realidade
Que, enquadrada pelas luzes da cidade,
Me despe deserto de vontade. 

No círculo fechado em que me encontro,
circulo a raiva em que sou previsto.
Lugar único aonde resisto,
sem forma concreta, não existo.

Na fachada mal pintada da verdade,
Creio no molde em que me estranho.
Desejo desformado pelo empenho,
Aonde o ritmo me guia para o rebanho.

Cresço em homem para a batalha,
Sentido estranho que ninguém acredita.
Sou da noite que o dia fita,
Preso à palavra que a vida cita. 


(Rembrandt, Hendrickje schlafend)

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