sexta-feira, 25 de abril de 2025

A organização do abismo

Bruta paisagem que desalinha,
rompe em cada traçado lento, 
a terra crua e o céu tormento,
num sulco que rasga e adivinha.

É simples na forma criada,
no gesto que sonha a curva,
na lembrança que dobra turva
o desejo de habitar cada chegada.

O desenho é abismo:
um silêncio de memória cheia.
Faz do gesto nova ideia,
tão constante mecanismo.

E ali, há desacato na dureza: 
Bela organização do infinito.

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