terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sinestesia

impossível,
há um provérbio recitado que afirma que sou impossível,
no impróprio e indigesto passar das horas,
porque penso.
como é raro amanhecer nesta escassa grandeza de vícios,
neste pesado correr que nos embebeda por dentro,
sem olhar para o brilho que nos incumbe,
o brilho de que são feitos nossos olhos.
olhar,
ver que há uma paisagem por descobrir,
a nossa paisagem, composta pelas nossas próprias cores.
do branco ao negro,
somos a alegria e a tristeza,
num compêndio de cores que vamos descobrindo.
somos um jardim a ser cantado
com predicados maiores que a penumbra que nos impede,
nos enfaixa à indiferença da raiva e do preconceito.
não me quero ocultar do que me entristece
da mesma maneira que não me oculto daquilo que me contenta,
porque do pensar nasce a compreensão e
da compreensão nasce a consciência.
porque pensas tanto?
talvez porque o desejo de saber minha consciência tem despertado
uma enorme vontade em pintar,
pintar minha paisagem com as minhas próprias cores.
uma ambição crescente que procura saber-me
num olhar para a sinestesia que é ser e sentir.


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