terça-feira, 4 de novembro de 2014

Caminhando

há uma palavra imobilizada em cada livro lido,
em cada música que aquece,
perdido numa tela de cinema,
num jornal engelhado,
numa rua longínqua
onde só a memória subsiste.
há um rastilho de história não vivida,
um momento,
no tempo,
um silêncio não cantado
na respiração vazia,
uma porta que se encerra
num sorriso que se esconde à pressa.
há uma promessa que se nega,
uma carta sem destino,
um desejo,
mil contractos,
uma sentença de solidão
e mais dez mil receios que se abraçam.
há um silencio que se enfada na corrida,
na sede de viver,
uma chuva descalça sobre a calçada,
um olhar no adeus,
uma tempestade soalheira na tarde despida,
que caminha silenciosa sobre a corrente.
há um eu,
caminhando.

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