sábado, 31 de maio de 2014

Luar

Voltei a olhar e não vi a Lua!
Gritava encoberta de nuvens cendradas que esvoaçavam lentamente na brisa dos novos ventos. Nuvens que vadiavam como almas soltas em inteira sintonia. Suportavam tempestades de outras horas.
Agora não chove.
Não vejo aqueles clarões a abaterem as paredes do meu sótão. Calou-se o alvoroço. O burburinho de agonias transformou-se numa silenciosa e nostálgica noite nublada onde os ventos sopram melodiosamente.
Perduram alguns destroços da tormenta. Vestígios que o tempo vai conduzindo, inventando uma nova paisagem bela de pranto. As nuvens também se vão esbatendo no baile do dia novo. O céu devolverá as estrelas e o fulgor da lua cheia.
Meu sótão, perfeita contemplação da viagem engastada. Nova vista sobre a noite ida. Sonho em movimento, perdido na vertigem da certeza de que a Lua me devolverá seu Luar.
E eu voltarei a olhar e aí verei a Lua!
Luar,
diferente principio será teu.

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